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Acabou o tempo em que escrevi por ti, para ti, sobre ti.

sábado, 20 de março de 2010

O ninguém abstrato concreto

Ainda te lembras daquele castelo que construimos à beira-mar sempre pensando que o mar nunca o iria destruir, aquele castelo que representava tudo o que sentiamos, representava o nossa união e força com que enfrentariamos os obstaculos, mas o mar não nos ajudou e foi por isso que a sua água desfez o nosso castelo. Agora espero que também o mar apague as pegadas deixadas por ti com enorme intensidade em mim. Digo agora que quero que isso aconteça mas talvez não seja bem isso que deseje, não quero ficar sem aquele meu alimento nem sem aquilo que muitas vezes me alegra ou me faz relembrar tudo o que se passou entre dois seres como nós. Vejo-me agora como um barco à deriva sem ter forças para remar mais nesta vida que já nem o sol alegra. Preciso de ti, meu braço direito, para conseguir chegar à margem, preciso que me ajudes a afogar todo este sofrimento no sítio onde neste momento me perdi e onde as algas me prenderam, onde as rochas decidiram ser outro obstáculo tapando-me o caminha de regresso. Tu sim que és alimento que me mata a fome, sim tu que me abandonaste quando a tempestade em mim se agravou. Vejo os dias sem cor, sem cheiro, sem alegria mas sim com tristeza e monótonos, sim porque eras tu que me alegravas e me acariciavas com os teus delicados gestos de carinho. Era o teu perfume que dava Primavera à minha vida, era a tua alegria que dava Verão aos meus dias. Ficaram apenas recordações de um passado recente e um "desejo-te" num futuro próximo. Ficará muita coisa para fazer mas muitas mais por dizer. Ficará marcado no meu calemdário o dia em que nos conhecemos, em que nos vimos pela primeira vez e o dia em que tudo aconteceu. Ficaram histórias por contar e muitas mais por começar. Ficou o desejo de um toque delicado. Ficou o arrependimento nos meus gestos e naquilo que não realizei. O tempo foi pouco e o "ver-te" muito menos. O destino separou dois corpos que diziam ser inseparáveis, a distância foi ao longo do tempo separando esta concha que nos aconchegava. Passou tempo suficiente para te esquecer mas isso não aconteceu, aconteceram coisas que já não permitem o amor que ainda sinto por ti. (...) O que menos esperávamos que acontecesse acabou por acontecer, rebentou a corda que nos unia. Essa corda dizia ser forte e incapaz de se rebentar mas o pior aconteceu, separou as nossas vidas com tanta raiva que agora será impossivel voltar a uni-las e ser-mos novamente dois seres e uma vida.


Daniela Vieira